Abaixo da Linha D'água
Parte I. Olhar
Dizem que o olhar é a porta de entrada da alma
E quando não?
Do coração é que fala a alma,
E daquele olhar que revela outrora aquilo que não se sente,
Ora encanta, ora apavora.
Já o tempo, confidente da alma,
Que de tanta constância separa o sim do não,
Em segredo sabedor guarda e entende
Do que o olhar sustenta o que chega do coração.
Do coração é que fala a alma,
E daquele olhar que revela outrora aquilo que não se sente,
Ora encanta, ora apavora.
Já o tempo, confidente da alma,
Que de tanta constância separa o sim do não,
Em segredo sabedor guarda e entende
Do que o olhar sustenta o que chega do coração.
Parte II. Reunião
Naquele dia portas batiam, acordos aconteciam, despachos subiam,
Corpos e sapatos em gestos altos e abruptos
Ocupavam os corredores com seres velozes e frenéticos
Por acordos afins e seus despachos.
Enquanto na sala de reunião,
Submersos, abaixo da linha d'água
Mergulhados no invisível e no etéreo
que nunca havia deixado de existir entre os homens
turvos na profunda dimensão daquele instante,
o silêncio encontrava a vontade:
de que por trás daqueles olhos
dois sorrisos ligeiros conduziam ao dado,
o qual deveriam mesmo
era estarem se comendo, na sala logo ali ao lado.
Ocupavam os corredores com seres velozes e frenéticos
Por acordos afins e seus despachos.
Enquanto na sala de reunião,
Submersos, abaixo da linha d'água
Mergulhados no invisível e no etéreo
que nunca havia deixado de existir entre os homens
turvos na profunda dimensão daquele instante,
o silêncio encontrava a vontade:
de que por trás daqueles olhos
dois sorrisos ligeiros conduziam ao dado,
o qual deveriam mesmo
era estarem se comendo, na sala logo ali ao lado.
(Imagem: Marc Chagall, 1955)
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